quarta-feira, 9 de março de 2016

JORNAL A GAZETA PUBLICA REPORTAGEM ESPECIAL SOBRE PROIBIÇÃO DE ELETRÔNICOS EM SALA DE AULA


Aparelhos eletrônicos devem ser liberados em sala de aula?
Projeto de lei, de autoria do deputado Jesus Sérgio, que regulamenta a utilização de aparelhos celulares e equipamentos eletrônicos nas salas de aulas ainda causa polêmica dois meses após sua sanção.


Um dos principais problemas enfrentados atualmente pelos educadores, diz respeito ao uso de celulares em sala de aula. Levando em consideração que mais de 270 milhões de celulares circulam em todo o país, segundo dados da Anatel, esse é um problema que está do fim.

Com tecnologias e recursos cada vez mais avançados, que surge a cada modelo lançado no mercado, como internet móvel, acesso as redes sociais, aplicativos atrativos e uma infinidades de outros recursos, os celulares atraem cada vez mais a atenção dos alunos em sala de aula tirando o foco do aprendizado.

Há quem defenda que a atitude mais correta de um aluno que vai à sala de aula para aprender é desligar o celular ou colocar no modo silencioso e evitar ficar saindo da sala de aula para atender ou fazer ligações.

Claro que existem situações que são justificáveis, como no caso de um aluno que esteja com um parente hospitalizado e aguardando informações sobre o estado de saúde do parente.

Mas, esse problema do uso de celulares em sala de aula já vem sendo resolvido. No Brasil, alguns estados proíbem o uso de aparelhos em sala de aula, através de lei estadual e municipal. As punições para o descumprimento das referidas leis são administrativas e geralmente ficam a cargo de cada estabelecimento de ensino.

Os tipos de punições administrativas também variam muito, de acordo com cada norma e reincidência, mas geralmente são: Advertência para o aluno e seu responsável, suspensão do aluno, apreensão do aparelho e tem legislação que prever até multa.

Mas o problema é tão sério assim para chegar ao ponto de ser preciso criar leis proibindo o uso dos celulares em sala de aula? Ou somente uma campanha educativa resolveria esse problema?

Bem, o fato é que dar uma solução ao impasse o deputado estadual Jesus Sérgio (PDT) chegou a apresentar à mesa diretora da Aleac um projeto de lei que regulamenta a utilização de aparelhos celulares e equipamentos eletrônicos nas salas de aulas, bibliotecas e outros espaços de estudos das instituições de ensino públicas e particulares no Estado.

O PL foi aprovado e sancionado pelo Governo do Estado em dezembro do ano passado. Passados dois meses desde a sanção governamental, alunos, professores e diretores de escolas divergem sobre o assunto.


Deputador estadual Jesus Sergio, autor da polêmica lei

Segundo o deputado Jesus Sérgio, autor da lei, o intuito do projeto é preservar a essência do ambiente pedagógico que, segundo ele, está comprometida devido ao uso desordenado dos aparelhos nas salas de aula.

“Os aparelhos eletrônicos estão cada vez mais modernos e acessíveis à população e os jovens são os que mais utilizam, mas quando o assunto é sala de aula, é preciso impor limites. Hoje, tem sido comum nas escolas os professores interromperem suas aulas para pedir ao aluno guardar o celular ou outro aparelho, e às vezes para que ele se retire da sala. E neste caso, o professor não tem que ceder, exceto se for algo urgente”, alegou o parlamentar.

Para o parlamentar, educador há 20 anos, o uso desses aparelhos tem se tornado barreira no processo de aprendizado. “O uso de equipamentos eletrônicos portáteis no âmbito escolar têm se tornado um obstáculo para o processo de aprendizagem, pois, prejudica a concentração do educando refletindo de forma negativa no rendimento escolar, já que o mesmo tira a atenção do conteúdo ministrado na sala de aula”, frisou Jesus Sérgio.

Ele destaca ser a favor ao uso da tecnologia como ferramenta de apoio às atividades didáticas pedagógicas, porém, defende que seja utilizado mediante prévia autorização do professor ou responsável pela sala de aula.

“O acesso à internet, através desses aparelhos, possibilita a navegação nas redes sociais durante os períodos de aula, o que acaba por prejudicar o desempenho do aluno uma vez que ele está mais preocupado com isso do que em prestar atenção no conteúdo dado pelo professor”, ressaltou o deputado.

Para Jesus Sérgio, o ideal é que os celulares e aparelhos digitais permaneçam desligados enquanto o aluno estiver nas dependências da escola. “Sou a favor de que o aparelho fique desligado enquanto o aluno ainda estiver na escola. Ali é um local de aprendizado, portanto, tudo o que tem o condão de tirar a atenção do aluno, para mim, deve ser retirado”, disse.

Gestores de escolas não acreditam que lei possa efetivamente proibir uso dos celulares nas salas de aula

“Do que adianta ter uma lei que proíbe se ela não prevê punição? Seria adequado se a lei fosse completa”, falou os gestores escolares da escola José Rodrigues Leite (JRL) sobre a lei que proíbe a utilização de aparelho celulares em sala de aula. E a conscientização dos alunos e também dos pais é um processo de médio a longo prazo. Mas o que fazer com o presente e o desafio de tornar as aulas mais atrativas que o mundo encantado das redes sociais?

O diretor do colégio João Calvino, Romário Ney, explica que a lei efetivamente não muda o posicionamento da instituição. “Nosso posicionamento é firme. Não se pode utilizar celular em sala de aula ou nos ambientes em que estejam ocorrendo alguma atividade pedagógica nas dependências da escola. Essa decisão não é em função da lei. Já existia bem antes dela. Mas, não podemos relaxar. A escola está tranquila”, destacou o diretor.

Sobre as estratégias para proibição do celular, Romário Ney, destaca que existe um registro de observação diária de cada aluno. “Através dele registramos o comportamento e os possíveis problemas para que junto com os pais providências sejam tomadas”, confirmou.

A coordenadora da escola, Carmem Olívia Almeida, explica que a estratégia é realizar um trabalho interno de conscientização dos professores e coordenadores. “Eles transmitem aos alunos. E aos pais repassamos por meio das reuniões. Mas, os pais precisam colaborar e participar desse processo que já ocorre há algum tempo, sem necessariamente a existência de uma lei dizendo que proíbe, mas que não nos ampara legalmente para tomar qualquer medida”, afirmou.

Para o professor José Ribamar a lei jogou para as instituições escolares resolver essa situação sem amparo legal, apoiado na própria lei. “Não vai funcionar se não houver conscientização e punições bem claras. São duas coisas paralelas. Se a conscientização não deu certo. O aluno deve  saber que se insistir algo poderá acontecer, de uma forma legal”, frisou o professor.

As constantes interrupções no processo de ensino e aprendizagem dentro da sala de aula, algumas vezes pelos próprios pais é prejudicial. “O aluno está na sala de aula, está em processo de aprendizado. Não deve sofrer qualquer interferência. Esse é um processo que não deve ser focado apenas no aluno, mas também nos pais”.

Como a escola pode punir sem amparo legal? Essa questão é o grande impasse, de acordo com os gestores. “Atualmente temos inúmeros processos da gestão passada e da atual por agir primeiro na conscientização de alunos. Por exemplo, o horário de chegada. Os pais sabem que não tem tolerância. Se aluno se atrasa ele não entra. Em ocasiões em que isso ocorreu, o Ministério Público que é bem próximo daqui é acionado por eles mesmos”, ressaltou Carmem Olívia Almeida.

Essa lei é mais uma lei, apontou a coordenadora. “Os jovens são resistentes a qualquer proibição, isso é fruto da idade mesmo. E se os pais deixam esse jovem muito a vontade fica complicado. Porque toda as proibições  fica a cargo da escola. Essa lei é para inglês ver. Temos estratégias nossas para conscientizar os alunos não só em relação ao celular, mas em relação aos bonés e casacos que são utilizados para trazer até drogas para dentro da escola”, afirmou Carmem.

Na tentativa de evitar qualquer problema ao longo do ano. A escola realizou uma audiência pública que teve presença em peso dos pais. Na ocasião o diretor, João Lima, explicou todas as regras da escola.

“Foi colocado sobre a existência da lei, nosso posicionamento sobre ela e o que vamos fazer caso um aluno insista em burlar. Não tem como proibir a entrada do aparelho. Mas, os pais aceitaram a orientação da escola de que a ferramenta não será utilizada em sala de aula. Orientamos os professores como proceder diante dessas situações. Os pais aceitaram nossas condições”, detalhou o diretor.

“Temos estratégias nossas para cons-cientizar os alunos não só em relação ao celular, mas em relação aos bonés e casacos que são utilizados para trazer até drogas para dentro da escola”, afirmou coordenadora da escola, Carmem Olívia Almeida.”


Caso inesquecível

O diretor da escola JRL, João Lima, recorda de um episódio envolvendo celular que mostra que os pais precisam muito mais de conscientização sobre o uso da ferramenta. Ele contou que o aluno foi pego utilizando o aparelho em sala de aula.

O pai foi comunicado do ocorrido e chegou a escola bastante chateado, lembra o diretor. “No momento em que o aparelho foi entregue ao pai, imediatamente, ele devolveu ao filho. Como que a conscientização aplicada na escola pode atingir um aluno se o pai age assim?”, questionou o diretor.

José Ribamar destaca que tem pais que ligam para os filhos durante as aulas. Aí quando o professor tenta utilizar o celular como ferramenta de estudo em sala de aula, tenta apenas uma vez. “Essa história é muito bonita, na teoria. A primeira reclamação é que a internet está lenta. Ou que não tem crédito”, explicou o professor Ribamar.

“As constantes interrupções no processo de ensino e aprendizagem dentro da sala de aula, algumas vezes pelos próprios pais é prejudicial.”
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Professores encontram dificuldade para aplicar proibição

Psicóloga compara dependência do celular ao vício da droga


Não é só nos estudos e na interação com a sociedade que o uso exacerbado do aparelho celular é prejudicial. Segundo a psicóloga Claudia Correia, esse descontrole e dependência pela tecnologia na ponta dos dedos podem causar doenças como ansiedade, fobia, pânico e depressão, tanto em crianças como em adultos.

No entanto, para ela, o mundo deveria estar preocupado, principalmente, com o futuro da geração atual. Ainda não se sabe até que ponto a alienação causada pelo celular pode refletir na formação de crianças e adolescentes.

Não é difícil identificar. Todo mundo tem um caso na família, ou entre amigos, de algum pai ou mãe que libera o uso do aparelho com acesso à internet e jogos aos filhos. Tem situações em que a criança tem menos de três anos de idade e faz uso assíduo dessa tecnologia.

Após criar apego com o smartphone ou tablet, a criança chega a fazer cenas, gritar e implorar por ele. Assim, ela torna os pais reféns da situação. Chegar a esse nível em casa pode ser um sinal de alerta.
Em alguns casos, o nível de apego com o celular é tão forte que chega a ser comparado ao vício da droga, aponta a psicóloga.

“Esse uso excessivo que está sendo feito atualmente pelas crianças e adolescentes, de uma forma assustadora, está desenvolvendo um vício, que é uma patologia, uma doença. Nós podemos comparar esse vício ao vício das drogas. No entanto, a droga causa uma dependência química. No caso da internet, dos celulares, é uma dependência comportamental. Não estou dizendo que todos irão desenvolver patologias, mas hoje muitos já apresentam esse quadro”.

Como perceber?

A psicóloga chama atenção para alguns sinais que podem indicar a dependência ao celular. Um deles é a necessidade exagerada de olhar o aparelho quando chega uma mensagem. A pessoa não consegue esperar.

“Nesse caso, o comportamento normal seria a pessoa conferir a mensagem só depois de cumprir o que ainda está fazendo, sem pressa ou angústia. Mas, o comportamento alterado é aquele que provoca irritabilidade, uma dependência, desespero. Algumas pessoas se tornam inseguras”, declara.
Outro sinal é quando se perde a tranquilidade na ausência do aparelho. “Quando estão longe do celular é como se uma parte delas ou a maior parte não estivesse com elas para suprir. O aparelho que começa a mexer com os seus neurônios, ou seja, ele passa a destruir as pontinhas dos neurônios”, aponta.

O isolamento e a falta de convívio social da criança é um sinal relevante. “Tem gente que acha lindo o filho entender tudo de tecnologia, não largar o celular, ser esperto com o aparelho. Isso é bom até certo limite. Mas, a partir do momento em que aquela criança começa a se isolar, não brinca mais, e em uma festinha infantil estão todos correndo e ela distante com o celular dos pais, isso se torna perigoso”.

O que fazer?

Se houve identificação com alguns dos casos citados anteriormente, é provável que a dependência já exista. Quando esse comportamento começa a interferir na vida social, o ideal é procurar ajuda especializada.

Claudia Correia salienta que o mais apropriado é evitar que o menino ou a menina tenha o contato com o celular tão cedo. Mas, caso haja, é dever dos pais regrar o uso. “É o responsável que vai ter de definir o tanto de tempo que ele poderá passar com aquele aparelho, porque se o pai ou a mãe não estabelecerem um limite, não será a criança que o fará. A criança não tem condições de se mandar. Ela precisa de alguém que a eduque”, afirma.

A psicóloga orientam os pais a incentivarem os filhos a brincar ao ar livre, com amigos, enfim, praticarem atividades.

Medida necessária

Para Claudia Correia, a lei estadual que proíbe o uso do celular nas salas de aula foi um acerto, pois chegou a um ponto em que os alunos já não respeitavam as normas da escola. Ela destaca que o aprendizado será otimizado caso a lei seja cumprida.

“Eu sei que não vai ser fácil para esses diretores, professores e coordenadores conseguirem que os estudantes cumpram isso. Mas, eu acredito que foi dado um passo muito grande”, defende.

Psicóloga alerta sobre os perigo da utilização do celular de forma compulsiva




Mania de tecnologia: irmã cria grupo no WhastApp para facilitar comunicação dentro de casa com irmão de 12 anos
Atualmente as crianças e adolescentes estão cada vez mais conectados ao mundo digital. Meninos e meninas trocaram os brinquedos por um smartphone, as horas de lazer com os amigos por horas navegando nas redes sociais e, as horas que deveriam ser dedicadas aos estudos por horas assistindo vídeos online. Foi assim que aconteceu com o pequeno, Andriw Hyago, de 12 anos.

Tudo começou a aproximadamente dois anos, Hyago pediu de presente para sua mãe, Josimeire Lopes, um celular smartphone. Foi o suficiente para o pequeno deixar de lado o velho vídeo game e as brincadeiras com os amigos, e se conectar ao mundo das redes sociais, youtubers e etc.

A irmã, nutricionista, Ingride Andrade, conta que recentemente criou um grupo de WhatsApp intitulado ‘Família Andrade’. A ideia é facilitar a comunicação dentro de casa com Hyago, já que o pequeno não solta o celular. “Falamos com ele, aí ele escuta e esquece o que a gente falou porque está vidrado no celular. Aí dou uns gritos nele e tá tudo resolvido”, falou em tom de brincadeira.

Após ganhar o celular, muita coisa mudou na vida e no comportamento de Andriw. Josimeire conta que, as brincadeiras na rua com os amigos de bairro diminuíram consideravelmente. Já Ingride, observou que o irmão passou a ser uma pessoa tímida e pouco atenciosa.

“Josimeire conta que as brincadeiras na rua com os amigos de bairro diminuíram consideravelmente. O menino passou a ser uma pessoa tímida e pouco atenciosa.”

Apesar de nunca ter problemas com uso de celular na escola, o pequeno Andriw, que hoje cursa a 7ª série do ensino fundamental, começou a prejudicar os estudos devido ao uso do celular em casa. “Nunca fui chamada na escola dele por conta de celular, mas teve uma época que ele estava indo mal por conta do uso do celular em casa. Agora nós estamos controlando mais”.

A mãe e a imã de Andriw aprovam a nova lei que proíbe o uso de celular nas escolas públicas do Acre. Para elas, essa é uma forma de controlar o uso do aparelho nos horários de aula.
“Acredito que agora vai ter um controle maior, por ser uma leia as pessoas têm mais respeito. Possivelmente o rendimento dos alunos também deve melhorar”, disse Ingride Andrade.
Mas, o que os alunos acharam da nova lei? Andriw conta que o clima entre os amigos da escola é de insatisfação, poucos gostaram da nova medida. “Ah, tá todo mundo esperando que essa lei acabe logo. Eu gostei, mas meus amigos não”, revelou o pequeno.

Apesar de ser fã dos famosos yotubers (famosos por criar vídeos para a plataforma Google), Andriw afirma que também usa o celular para estudar e fazer pesquisas. Logo em seguida a mãe rebate e entrega o filho: “Ele até usa o celular para pesquisar, mas são raros esses momentos. Na minha época tinha palmatória, o estudo era bem rigoroso, aluno não fazia o que queria na escola não”.

Na hora das fotos, o tímido Andriw Hyago revelou, mesmo sem perceber, o que ele mais gosta de fazer: ficar grudado no celular. A brincadeira de posar usando o celular acabou distraindo o pequeno, que mais uma vez foi chamado atenção pela irmã em um clima de descontração. “No celular de novo, Andriw?”, questionou a irmã.

FONTE: TEXTO E FOTOS DE O JORNAL A GAZETA DO ACRE




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